(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
A justiça do Rio de Janeiro concedeu uma liminar que devolveu direitos políticos ao ex-presidente da CBF, Rogério Caboclo. A informação foi dada em primeira mão por Ancelmo Gois do jornal "O Globo". Caboclo havia sido eleito em 2018, mas foi afastado do cargo em junho de 2021, em meio a denúncias de assédio sexual e moral. Em setembro daquele ano, a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro (órgão criado em 2017 para gerir práticas e comportamentos dentro do ambiente do esporte) o afastou por 21 meses. Mais adiante, a punição foi ampliada por mais 20 meses (totalizando 41).
A defesa do ex-presidente alega irregularidades no procedimento que resultou no seu afastamento do futebol. O processo corria desde o final do ano passado em segredo de justiça. A decisão foi tomada pela juíza Flavia de Almeida Viveira de Castro, da 6ª Vara Cível do tribunal Regional da Barra da Tijuca. Em um dos trechos da decisão, a juíza cita que Caboclo reclama a concessão da tutela por "afirmar e indiciar que houve apenas um véu de legalidade a encobrir um processo eivado de irregularidades, que conspurcaram o devido processo legal e o impediram de realizar uma correta defesa de seus interesses".
Com a liminar que lhe foi concedida, Rogério Caboclo volta a ter direitos políticos, o que significa que ele pode voltar a atuar na política de clubes do futebol brasileiro, e até se candidatar em uma eventual eleição na CBF.
As denúncias
Em junho de 2021, uma funcionária da CBF foi à Comissão de Ética da entidade e à Diretoria de Governança e Conformidade com denúncias de assédio sexual e moral contra o então presidente, Rogério Caboclo. Inicialmente, o cartola foi afastado por 30 dias, e em julho, o afastamento foi renovado por mais 60 dias.
A mulher relatava constrangimentos sofridos em reuniões particulares, e também na presença de diretores da confederação. Na denúncia, ela detalhava o dia em que o dirigente perguntou se ela se "masturbava". O áudio desta conversa se tornou público em uma reportagem do Fantástico, na TV Globo. Em outro episódio relatado pela funcionária, Caboclo tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro enquanto a chamava de "cadela".
O ex-presidente nega todas as acusações desde então. Em setembro de 2021, ele firmou acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que investigava as denúncias.