Seleção Brasileira

Del Nero e Ricardo Teixeira articulam para tentar destituir presidente Ednaldo da CBF

Os ex-presidentes da confederação lideram oposição e buscam levar a gestão de Ednaldo Rodrigues à justiça

Por Pedro P. Lima
Publicado em 28/11/23 às 19:34h. | Última atualização em 28/11/23 às 19:38


* Texto: Pedro Sakamoto e Pedro P. Lima


(Foto: Lucas Figueiredo / CBF)

Em meio aos maus resultados da seleção brasileira de futebol, há uma movimentação interna na CBF, liderada pelos ex-presidentes da entidade: Marco Polo del Nero e Ricardo Teixeira, com o objetivo de derrubar Ednaldo Rodrigues do cargo mais alto da Confederação Brasileira de Futebol. A informação é de Igor Siqueira e Rodrigo Mattos do UOL.

A oposição, comandada pelos ex-presidentes, está criando um dossiê contra Ednaldo, onde os principais pontos levantados são os altos gastos da atual gestão, buscando provar irregularidades para assim levá-lo à justiça.

Os movimentos vêm junto de uma insatisfação interna na área de futebol após o mau começo nas Eliminatórias e a eliminação contra a Croácia na Copa do Mundo de 2022. Alguns dirigentes estão contrariados com a centralização das decisões em Ednaldo.

Já ocorreram movimentos por parte de Ednaldo para bloquear essa ascensão da oposição. O principal é tentar articular com as federações estaduais em busca de apoio, e posteriormente, o presidente fará o mesmo com os clubes. De acordo com o UOL, no momento a maioria das federações devem ficar ao lado da atual gestão.

Essa busca da oposição por uma medida judicial que afete o atual presidente não é a primeira tentativa. Anteriormente a oposição tinha como objetivo a entrada de Reinaldo Carneiro (Presidente da Federação Paulista) e de Rodolfo Landim (Presidente do Flamengo) na administração da entidade. Entretanto, nenhum destes dois está envolvido no atual movimento.

A intenção deste "trabalho" nos bastidores é colocar Rubens Lopes, presidente da Federação do Rio de Janeiro e Vice da CBF, no principal cargo do futebol brasileiro. Pessoas próximas ao ‘Rubinho’ negam que ele esteja envolvido neste movimento, mas recentemente, a confusão ocorrida no Maracanã antes da partida entre Brasil e Argentina, expôs o desalinhamento entre Ednaldo Rodrigues e o presidente da FERJ.

Dirigentes aliados de Ednaldo alegam que essa articulação da oposição tem como motivação uma insatisfação por não-acordos com parceiros de interesses de Del Nero e Teixeira. Os aliados ainda dizem que não existem chances reais desse movimento se concretizar, por não haver fatos concretos que levem a destituição do atual presidente.

A Gestão Ednaldo

Ednaldo Rodrigues assumiu interinamente a presidência da CBF no dia 25 de agosto de 2021. Até então ele era vice-presidente da entidade, mas tomou posse após o afastamento de Rogério Caboclo pela Comissão de Ética de Futebol, em meio a acusações de assédio. Ele foi eleito em definitivo em março de 2022.

Após a última Copa, Tite deixou o cargo de treinador da seleção masculina de futebol, junto de toda a sua comissão técnica, incluindo o então diretor de seleções da CBF, Juninho Paulista. Desde então, a CBF não tem alguém cumprindo este cargo. Houveram diversas especulações de quem poderia assumir esta função, nomes como: Kaká e Júlio César foram ventilados pela imprensa, mas o presidente Ednaldo entendeu que ele poderia exercer as funções ligadas ao cargo, segundo apuração de André Rizek, do Grupo Globo.

Para o lugar de Tite, a CBF tem Carlo Ancelotti, treinador que tem contrato com o Real Madrid até 30 de junho de 2024, como o nome para comandar a seleção brasileira na próxima copa. Do lado do técnico italiano e de seu clube, ninguém confirma que ele será o técnico do Brasil, e a imprensa espanhola diz que o Madrid pretende propor uma renovação a seu comandante. Entretanto, Ednaldo Rodrigues já afirmou publicamente que Ancelotti estará à frente da amarelinha, a partir da Copa América, em junho de 2024.

A Oposição


Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero (Foto: Gazeta Press)

Tanto Ricardo Teixeira quanto Marco Polo del Nero já estiveram no cargo hoje ocupado por Ednaldo Rodrigues. Teixeira foi presidente da CBF por 23 anos, entre 1989 e 2012, quando renunciou ao cargo, enquanto del Nero ficou apenas dois anos no comando, tendo seu mandato encerrado em 2017, após ser suspenso pelo Comitê de Ética.

Ambos os cartolas tiveram, em seus mandatos, denúncias de suborno e corrupção, e sofreram duras sanções da FIFA, a entidade que rege o futebol mundial. Ricardo Teixeira foi banido do futebol de maneira vitalícia após julgamento em segunda instância em 2019. A decisão foi tomada por ele ter recebido 32,3 milhões de reais em propinas pelos contratos da Libertadores, da Copa América e da Copa do Brasil.

Del Nero também foi punido com o banimento de todas as atividades relacionadas ao futebol em 2018, por ter recebido 6,5 milhões de dólares em subornos para beneficiar empresas de marketing esportivo em contratos relacionados a Copa América, Taça Libertadores e Copa do Brasil. Entretanto, em 2021 ele teve seu recurso acolhido pelo Tribunal Arbitral do Esporte e sua pena foi reduzida para 20 anos de suspensão.

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